quinta-feira, 10 de junho de 2010

AS MINHAS MÃOS um poema de Manuel de Lima - Também na voz de Susana Custódio

AS MINHAS MÃOS


Nado, mas quase morto,
Minha mãe me pariu perfeito.
Observado ao pormenor,
Nem um só defeito.
Mas as mãos!...
As mãos…
Dir-se-ía que a verdadeira vocação
Foi o uso que lhes dei.
Ungidas que foram
Para ministério sagrado,
Fizeram gestos rituais,
E muitas coisas mais,
Que era mister fazer.
Uma nova missão tiveram,
Generosas, para levantar um caído,
Um afago de ternura
Selar uma descompostura,
Acariciar uma flor,
Ou um corpo de mulher…
A Deus agradeço estes dons,
Mas resta-me olhá-las
E recordar com saudade,
Quietas que ficaram,
O doce sabor de um segredo bem guardado,
Que outro nome não tem,
Se não o de um longínquo amor

1932 - 2008




MANUEL DE LIMA

Portugal - Barreiro, 14.09.1998



TAMBÉM PODE OUVIR DECLAMADO NA VOZ DE SUSANA CUSTÓDIO
  

2 comentários:

Anônimo disse...

é maravilhoso poema obra prima
e maravilhosa de um grande poeta
a sublime é a literatura o nos
ofretar maravilhas texto e nas voz suave de Susana CUstodio é sublime um primor

Bernadete disse...

Poema maravilhoso, oxalá se as mãos acariciassem e amassem de verdade, o mundo teria outro sentido.