domingo, 4 de agosto de 2013

JUSTO ANSEIO, um soneto inédito de Eugénio de Sá

Justo Anseio

Eugénio de sá

Fado ominoso, o meu, triste penar
O que sonhei pra nós, é letra morta!
Sou como vento a tumultuar-te a porta;
Nada mais que um ruído, a ignorar!

Fechada a boca à fala que não sai,
Cerrado o coração à dura pena,
A alma, reduzida, é mais pequena
C’o afundado punho em que se esvai.

Sou qual um livro que as folhas rasgaste,
Atirado na estante, e lá esquecido
Um mal menor, que sempre desprezaste.

Malgrado, anseio por ser ressarcido
Volvido à vida que tu me negaste;
Que me permita amar o que é merecido!


Sintra - Portugal
18.Maio.2013

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