sábado, 29 de março de 2014

ANIVERSÁRIO DO POETA EUGÉNIO DE SÁ NO " RESTAURANTE A TENDINHA " 29 Março 2014

 Almoço de aniversário aqui no Restaurante a Tendinha - Mem Martins - Sintra

O nosso almoço -  Cataplana Tamboril com Marisco
 O poeta Eugénio de Sá e sua filha Maria do Carmo de Sá "
Carminha "

 Carminha
 O poeta e sua filha Carminha
 Eugénio de Sá e Susana Custódio
 Eugénio de Sá e Susana Custódio
 Carminha e o pai
Susana Custódio e Carminha
 Susana Custódio e Carminha
Carminha, Eugénio de Sá e Susana Custódio

Sintra - Portugal - 29 de Março de 2014
A Daisy também deu os parabéns ao seu amado dono

quarta-feira, 26 de março de 2014

DELE VOS FALO ! - Eugénio de Sá; o seu auto-retrato poético




Dele vos falo!

Eugénio de Sá
( o seu auto-retrato poético )

  
Esfíngico olhar frontal, sempre apontado
À frieza granítica, indiferente
Que aloja o coração de tanta gente
Pra vis interesses mais vocacionado.

De fronte alevantada pla razão
Que lhe julga assistir, de julgador
Aponta o hirto dedo acusador
Aos que de humanos são aberração.

Não se afunda o seu punho redentor
No peito de quem seja, mas a pena
Não se exime a contar quanto é pequena
Cada alma perdida em desamor.

O ser que de si mesmo assim verseja
É dado à reflexão, nela se atém
Ama da vida o mais que a vida tem
Nele campeiam quereres que ainda almeja.

E tem por mores valores, o do amor,
E o solidário crer numa justiça
Que, sem peias, condene os que à cobiça
Se apegam, embuçados de candor.

A liberdade, tão querida e aspirada
A que dá asas a cada humano ser
Tem no poeta o dom de o comover
Se a vê plo despotismo coartada.

Santo não é, que santos estão nos céus
Mas manda nele vontade de sentir
Que outros tempos virão, outro porvir
Mais de acordo c’o espírito de Deus.

E aqui o tendes na sua pequenez,
o que lhe ferve o amor em turbilhão
numa instante ansiedade, uma avidez
de a todos abraçar, como um irmão.

E enquanto lhe assistir a lucidez
E terno lhe pulsar, no peito, o coração
Os seus versos terão a mesma calidez
 Que mostra no estender da sua mão.



Pra muitos, ele é o dono dos versos de espuma,
o asceta de um nobre e bem amado Portugal.

Mas, em boa verdade, ele é alguém
que não é daqui, nem de parte nenhuma.
Sua alma de poeta - porque universal -
tem a deriva que o vento dá à escuna



Sintra, 25 de Março de 2014





Arte: Rivkah Cohen
 

 VER EM VÍDO NUMA BELA FORMATAÇÃO DO AMIGO DORIVAL CAMPANELLE


terça-feira, 25 de março de 2014

UMA TARDE BEM PASSADA COM OS NETINHOS GÉMEOS II - Março 2014

Amigas(os),
Um outro vídeo para verem os nossos netinhos gémeos Gui & Gu
aqui com 16 meses de idade

 Cliquem nos vídeos e divirtam-se




Sintra - Portugal - Março 2014

sábado, 22 de março de 2014

Duas pátrias, uma só ânsia de liberdade e de justiça.... DUETO: "O PESO DA DESPESPERANÇA", de Alceu Sebastião Costa & "ESTAMOS CONVOSCO", de Eugénio de Sá


O PESO DA DESESPERANÇA

Há um povo amargurado
Caminhando pelas ruas e estradas,
Sem rumo certo...
Ao desabrigo do sol e da chuva,
Pisa a areia escaldante do deserto,
Até alcançar e tocar as fímbrias das vestes
Do Mestre,
Pedindo com delicadeza que afaste
O varal das incertezas,
Das rimas e versos inconclusos,
Dos vértices obtusos,
Do desbotado papel da autoridade,
Que postula um substitutivo decente
Para desacelerar a banalização do crime,
Que desce impune pelas encostas,
Torrencial, voraz,
Diante da Sociedade incapaz
De oferecer coerentes respostas,
De encarar o problema de frente,
Deixando o corpo se esvair em sangue,
Depois de tombado pela massa desgovernada,
Vezes de cara limpa, vezes mascarada,
Sementes da podridão plantadas no coração
À luz da lua prateada.


Alceu Sebastião Costa

Brasil - 17 de Março de 2014




ESTAMOS CONVOSCO!

Sente-se o filho deste solo luso
perante a desesperança do irmão
que em terra brasileira vê, confuso,
a fé que lhe é cassada plo poltrão.

Ira-se o coração, cerra-se o punho
enquanto a boca quer gritar ao vento
uma censura feia ao fero grunho
que ri, alarve, do tanto sofrimento.

E não obstante a hídrica distância
 que entre nós se interpõe, indiferente
nada nos mata a vontade e a ânsia

de, lado-a-lado, numa acção ingente
 darmos batalha às hostes da ganância
e juntos devolvermos cada dôr pungente.

   
Eugénio de Sá

Sintra – Portugal - 19 Março  2014


Edição de:




 

quarta-feira, 19 de março de 2014

A TUA ESSÊNCIA, um soneto de Eugénio de Sá

 Dia 19 de Março - Dia do Pai em Portugal



A tua essência

Eugénio de Sá

Faz tempo que me esperas no etéreo
Jovem partiste sem que tempo houvesse
Pra me ensinares aquilo que aprendeste
E que eu sei que usaste com critério

Mas tua essência guardei-a comigo
E com ela vivi todos estes anos
Com ela enfrentei deuses e tiranos
Com ela ganhei louros e castigos

E se hoje a vida me ensinou a amar
Mais que a ferir, magoar, ou inflingir
A ela devo o dom de perdoar

Só mais um pouco, pai, estou quase a ir
O tempo corre e eu vou-te encontrar
Junto do nosso Pai, noutro porvir


À memória de meu pai, Augusto Carlos Quinhones de Sá, falecido aos 33 anos de idade


Sintra - Portugal - 19 de Março 2014
 

terça-feira, 11 de março de 2014

ORAÇÃO PLA AMÉRICA DO SUL, por Eugénio de Sá


Que se incensem os céus em Vossa honra, Senhor!



Oração pla América do Sul



Olho as quietas copas das árvores
e nelas busco, desolado, alguma aquietação.

No silêncio das folhas que caem
pressinto ódios longincuos…
Nos ramos de cada árvore triste
Não vejo ninhos nem ouço pássaros.
Mas chegam-me gritos de medos e revoltas
abafados pelo fragor das ondas que se abatem
nas distantes praias da América do Sul.


E nesse momento nada mais existe para mim.
- Só talvez Vós, Senhor!

Porque sinto eu em mim esta prostração, Senhor?
E peço-Vos; Trazei-me apenas a esperança ao coração,
e fazei com que ela me chegue nos primeiros alvores
de uma urgente manhã!


Nuvens passam, lentas, quando fito o céu.
E eu sinto na minha alma a Vossa imensa dor
como sinto a dor das árvores, nuas e sozinhas
saudosas dos pássaros cantando nos seus ramos.

E vejo no céu plumbeo a treva que paira, ameaçadora, sobre tantos irmãos, e também vive latente na minha alma.



Mas eu não passo de um pobre poeta, Senhor!
E o meu sentir é um sentir... diferente;
é profuso de mágoas, cruciante…
E sei que a minha alma
é só uma ínfima parte do infinito distante,
esse espantoso e deslumbrante infinito
que só mesmo Vós, Senhor, entendeis e dominais.


O meu ser etéreo, suspenso, de êxtases inatingíveis,
erra pelos caminhos que se perdem pela terra
sem nunca alcançarem o céu.


Eu, Senhor, velho arbusto em vias de secar,
caminharei, ciente dos perigos de uma eminente derrota,
pois já não ouço a Vossa voz na natureza.


Mas olharei o céu e ficarei a orar em Vossa honra.


Que a minha voz possa lograr chegar até Vós.
E eu Vos peço, meu Deus:
Tende os destinos da América do Sul
no Vosso coração.

Neste grande e lindo sub-continente que criaste,
há milhões de almas Vossas
em perigo de se ver vergadas a credos malditos,
por uma vontade que não é a sua!



Essas almas são puras e as Vós pertencem.
Tende-as no Vosso próprio Ser, Senhor,
Tende os seus espíritos presentes no Vosso espírito.


E que elas permaneçam na luz
Porque só por Vós elas clamam,
E só as Vós amam e exaltam.


Eugénio de Sá
Sintra, Portugal - 9 de Março de 2014









sábado, 8 de março de 2014

CATARINA EUFÉMIA - 60 anos depois do seu bárbaro assassinato... e o Poema ALENTEJO, de Eugénio de Sá - inclui links para Canções de Zeca Afonso

Catarina Eufémia

Este ano cumprem -se 60 anos

sobre o seu bárbaro assassinato.
Os portugueses não a esqueceram!




Catarina Eufémia


a mártir ceifeira alentejana
( 13 de Fevereiro de 1928 — 19 de Maio de 1954)


   Foi a 19 de Maio de 1954,  está prestes a fazer 60 anos, que Catarina Eufémia foi assassinada em terras alentejanas de Baleizão pelas forças do regime fascista.


  Lutava por pão e por trabalho e, rapidamente, se tornou um símbolo da resistência do proletariado rural alentejano à repressão e à exploração dos senhores da terra, suportados pela ditadura e, ao mesmo tempo, um símbolo do combate pela liberdade e da emancipação da mulher portuguesa.

  Nos tempos que correm, o exemplo de Catarina Eufémia continua a inspirar homens e mulheres que lutam, ainda hoje, pelo fim da exploração, por uma sociedade mais justa e mais fraterna.

  Estão a ouvir Zeca Afonso, o saudoso poeta-cantor da revolução de Abril, na sua imortal composição em memória da mártir Catarina.


Cantar Alentejano:








Zeca Afonso é também o autor de  

Grândola, Vila Morena

a famosa canção transmitida pela rádio na noite de 24 de Abril de 1974, que desencadeou a Revolução dos Cravos.

Aqui a têm:



40 ANOS DEPOIS

os cravos jazem agora pelo chão...



...esquecidos, abandonados,

tal como a esperança de um povo !




 Em homenagem à memória
de Catarina Eufémia 
relembro o meu poema:



Alentejo 

(Eugénio de Sá)


Espigas desta terra
Vocação de pão
Searas de vento
Ventos de paixão
Juntam-te fermento
Do meu coração

Espigas desta terra
Celeiros de amor
És calma de estio
Amas o calor
Mãos em desvario
Ceifadas na dor

Espigas desta terra
Rude gente a tua
Que sofre e não cai
Nas pedras da rua
Mas em ti se esvai
Ruas d'amargura

Espigas desta terra
Mulheres te serviram
Feitas fundas mágoas
Não sei se elas riram
Seus olhos mares d’águas
Flores que não floriram



Nota do autor:

Alentejo, a maior província de Portugal.
Foi em tempos o seu orgulhoso celeiro,
mas o seu pão era feito de sangue,
 suor e lágrimas.

Agora é umas das regiões europeias
mais despovoadas,
onde vagueiam, sem soluções,
velhos e animais,
perdidos nas profundezas do esquecimento.
         
Alemães e ingleses
vão-lhe comprando as entranhas,
que mais ninguém quer.

Sei o que foi aquilo;
o inferno ao calor do sul,
a fome ao frio da indiferença.
Hoje, é o abandono
ao estigma do despovoamento!


Aos que, porventura, não me conhecem, saibam que
que, desde sempre, me mantenho distante de qual-quer força ou corrente político-partidária, nem sou por elas influenciado, só me movendo o sentido de justiça e de um humanismo solidário, de que muito me orgulho.
E.Sá


Esta é uma edição de:



Sintra, Portugal

8 de Março de 2014