domingo, 19 de julho de 2015

AINDA A TEMPO, um poema ( em sextilhas ), de Eugénio de Sá

(Sextilhas)

Ainda a tempo
Eugénio de Sá


Voltaste, fiquei feliz que voltaste!
Deste-te agora razão à razão que renegaste.
Voltaste, e a casa ficou mais quente
 E este velho coração que um dia quase morreu
Voltou a bater mais forte, de novo junto do teu
Sentindo que perdoar premeia a alma da gente.


E depois, erros maiores quem jura não cometer?
 Mas sempre haverá lugar ao direito a reviver
Sem prolongar, por orgulho, dolorosas agonias
Afinal um olhar doce afirma arrependimento
Se o cruzarmos com amor mostrando entendimento
E a vida fica mais leve sem estéreis teimosias.


Voltaste, ainda bem que voltaste!
Voltou a vida aos recantos desta casa que deixaste
E até as flores da sacada voltaram a renascer
Felizes de ouvir-te a voz e o teu riso estridente
Que os passos que se deram não ecoem no presente
Nem se arrastem no futuro que temos para viver.


Eugénio de Sá

Sintra - 15.Julho.2015 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

DUETO DE IRMÃOS - CARA A CARA COMIGO, de Eugénio de Sá & O MELHOR DA TUA CARA, de Luiz Poeta (Luiz Gilberto de Barros)


Cara a cara comigo

Eugénio de Sá


Serei o cara de outro linguajar
Ou simplesmente o cara da cara que sou?
E se à resposta trabalho me dou
É porque exijo o móbil de cá estar.

De caras, dou comigo a invejar
Outros caras que sabem mais de si
Quem sabe se algum deles se não ri
   Deste cara que eu quero examinar…

Ah, que cara feia faço, até pra mim
Retorço-me por dentro? – Como assim,
Se só estou considerando uma razão

Que me faça entender que cara sou
Que valha este trabalho a que me dou
Pra conhecer meu velho coração!


Eugénio de Sá
  Sintra, 8 de Maio de 2015




O melhor da tua cara

Luiz Poeta
( Luiz Gilberto de Barros – especialmente para o coração
do meu amado e imortal irmão Eugénio de Sá
às 8 h e 38 min do dia 29 de junho de 2015 do Rio de Janeiro).  


A cara que te dás não te pertence,
Se a alma que te traz é outra alma.
É aquela da auto-estima, a que te acalma,
Aquela, onde teu  riso  tudo vence.

O espelho que te vê de forma avara,
Te mostra um outro rosto, não o teu;
Se queres ver teu rosto, olha o meu,
Que sou quem te admira e te repara.

Enxerga-te na grandiosidade
Que tens e que te dá felicidade
Porque, quem não te vê como devia

Não ama qualquer cara que tu tenhas ,
Por isso, eu quero, amigo que tu venhas
Com a cara mais feliz da poesia.